sábado, 8 de janeiro de 2011

Aos amores antigos


Abro os olhos bruscamente, desperto através de um sobressalto, percebo-me demasiadamente atordoada. Talvez eu tenha bebido muito vinho ontem à noite, concluí recuperando aos poucos o controle de meus sentidos.
Lembrei-me que era sábado e como era meu costume ,sempre que podia, continuava deitada em minha cama depois de acordar.Foi o que fiz.Permaneci deitada,como quem optativamente repousa sobre os lençóis.Sempre considerei esse momentos como uma oportunidade para descobertas.Uma espécie de ritual pessoal executado por apenas uma sacerdotisa e no qual a maior oferenda era o pensamento.
Sentia o resquício do sono circulando por meu corpo,engraçado que imaginei que aquela sonolência sobressalente fosse como o açúcar que não dissolve,aquele corpo de fundo presente.vez ou outra, nas xícaras de chá...
Olhei para o teto que era marcado por listras de luz, que insistentemente atravessavam as persianas da janela.
Foi então que senti.
Desta vez não era nenhuma descoberta, era apenas uma percepção, de algo que já estava alo fazia tempo. Ali: em mim.
Era o excesso de ausência. Não ausência de alguém, aquela falta não tinha nenhum nome especial. Sendo uma lacuna,porem eu bem sabia do que.
Era o espaço que faltava ser preenchido pelas palpitações e aceleração de meus batimentos cardíacos. A falta de ansiedade por ver alguém.
Lembrei-me de sensações remotas, paixões envelhecidas, em meus amores antigos.
Em toda aquela simplicidade que era ser feliz, em quando havia alguém pra dizer “boa noite”, aquela pessoa especial pra quem costumava contar o meu dia, Essa mesma com quem eu brigava pela louça suja ou por não tolerar meus atrasos costumeiros. Aquela que lia pra eu dormir e ter doces sonhos encantados.A qual não estava no travesseiro ao lado.
Olhei ao redor, retornando a realidade, minha realidade, não havia ninguém. Estava sozinha.
Tive vontade de chorar. Mas não o fiz.
Ainda havia toda à tarde para isso....

2 comentários:

Larissa Vicentini disse...

"Era o espaço que faltava ser preenchido pelas palpitações e aceleração de meus batimentos cardíacos. A falta de ansiedade por ver alguém."

E talvez, quando tivermos novamente esse motivo... A gente sinta falta da ausência que nos inspira.
Bom, você escreve mesmo muito bem...
É doce, suave, intensa... Acredito que desenvolve afinidade pra maioria que a lê...
Eu também compartilho do seu sentimento. Às vezes, é como o trecho que copiei...
Mas é assim mesmo. Sempre há razões pra esperar pela tarde.
BJAUM!

Impressão minha ou você escreve quase como Clarice?

Pedro Marangoni disse...

Lembre-se minha cara amiga das palavras do poeta e quem sabe elas te sirvam de alento.
" Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim..."

Carlos Drummond de Andrade.