quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Soneto da Concretude




Perco-me em meio a tanta concretude
Sonhos não podem ser concretizados
Minha alma está mais rude
Circulam em minhas veias anseios desorientados

De braços cruzados,não tomo nenhuma atitude
No rosto um sorriso adornado
Olhos descompassados
Será essa a tal virtude?

Se existo no real,no concreto
Já que é vasta a concretitude
Como posso sentir-me tão incompleto?

Asfaltos e paredes fazem-me calar
Permanecerei nesta quietude
Pois a estatua de concreto não quer despertar.





segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Língua,E deixa que digam, que pensem, que falem.


"Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!



O que pode esta língua?"

[...]


Caetano Veloso