"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada." Clarice Lispector Clarice Lispector
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
O corpo cicatrizado
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
O verdadeiro castanho
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Vês
domingo, 22 de julho de 2012
Bilhete etílico
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Miragem vazia
domingo, 15 de julho de 2012
Sempre ia
terça-feira, 1 de maio de 2012
Como esquecer
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Doce de nuvem
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Corpo de fundo
As palmas dos pés ardiam, os dedos adormecidos nada sentiam, já havia peregrinado por um longo caminho. Ela não tinha noção do espaço que ocupava no trajeto,mal enxergava o horizonte,não tinha um rumo exato apenas se movia.Estava cega,não conseguindo mirar nada alem de dois passos no chão,seu campo visual era embaçado e restrito,não cabia nenhum detalhe naquele momento.Seus joelhos tremiam já exaustos,as coxas formigavam estressadas pelo esforço que iam alem daquela estrutura.Sentia como se sua cabeça tivesse sido separada de seu corpo,sendo que seus membro movimentavam-se de forma fissurada,enquanto sua mente ainda estava parada,inerte naquele quarto do quinto andar.Parecia que haviam lhe tirado todo o sangue,invadida por um frio cortante em pleno verão de Janeiro.Não corria pois não haveria ar suficientemente capaz de agüentar seu desejo de sumir dali.Apenas caminha com pouco fôlego,incerta das ruas que a percorriam.Todo a pele erriçada,doía como um rio de navalhas a penetrar-lhe os póros.
-Será que falta muito ainda?-um pensamento desesperado que a suprimia entre a taquicardia.
Distraiu-se: tropeçou em monte de areia que se amontoava na frente de uma construção.Seguiu inabalada,com apenas alguns grãos de areias a esfoliar a camada macia de pele entre os dedos dos pés.Os passos eram duros,mecânicos ,destilavam frieza e indiferença.
Havia ficado nua,se despira ,ficando totalmente vulnerável àquele que não existia. Ela sobrara sem roupas no mundo que atravessa e rompe com todos os sonhos.Violada,porem ansiava em um desejo masoquista de dar mais ainda,mais do que podia,poderia talvez,despir-se da pele que a cobria.Quem sabe assim ele a acharia normal,toda aberta e disponível.
Sendo apenas carne quente, carne dele.
Estaria talvez enlouquecendo e se lembrou de quando aprendeu andar de bicicleta, havia a antiga promessa de que tudo talvez fosse como dominar a arte de pedalar; apenas controlando o destino e mantendo o equilíbrio. Mas o destino não tem forma e quando achamos que o encontramos a imagem perde o foco.O equilíbrio por sua vez escorre pelos vãos de nossos dedos,nos deixando em luto de sua fluída certeza.
-Que horas são?
Queria derrubar o Sol só para contemplar a terra queimando no fogo.
Como sangrava aquele corpo, amolecido pelo doer.
-Estou muito longe do mar?
domingo, 11 de março de 2012
Postergação
Gosto do gosto
Do sonho
De quando acordo
Tendo dormido
Ao seu lado
Gosto de fruto
Do seu rosto
No meu rosto
Deixando tudo fosco
Enquanto reclamo
Que ainda é pouco
Tudo,o todo.
O todo,tudo.
Quero o gozo do corpo
Com o cheiro elevando
Ficando cada vez mais composto
Sendo tudo nulo
Posto que é apenas um sonho.
Com gosto de acordado.
Lutando pra não ser morto.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Ecoando passos
Será que dá jeito depois?
Quem vai querer?
Ouvir tocar a valsa que não fiz?
O mesmo lamentar de outrem
A severa nota a riscar
Como quem não quis
Era velha valsa sim
Retumbava por aí
Pótrm,nunca inagurará em mim.
Eu quis.
Mas quem mais quisera assim?
Ele não a tocara...
Cantei em solo.
Foi assim.
Assim que foi.
Ecoando entre motriz
Vós sabe que sim.
Mesmo que quiserás não
Quimerás?
Quisera a mim?
Entere milhares
Eu era a mil.
Era vil.
Deveria cessar
Mais nada entoar.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Medo de escrever
"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto, e o mundo o não está á tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio, Nesse vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritorque tenho medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo."
Clarice Lispector.