domingo, 9 de fevereiro de 2014

Delírio de uma amidalite



De ponta cabeça
Era o Sol um feixe penetra
No escuro da garganta
Que doía a cada engolida.
A saliva intranquila estreitava o céu da boca.
O calor rangia na febre dos dentes.
Desatinada, a voz não saia.
Talvez, por dias.
Esqueci minha fala

O corpo sufocado,
Quis tremer.
Olhos escancarados
Nada podia.
Lábios selados
Nada  se movia
Sonhava ser acordado.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Para ontem



Dedicado à Lucas Costa


Pelas horas já passadas
Percorro de volta
 No meio de palavras
Jogadas pelo viaduto
De tão leve, livre.
 Voavam com vontade.

 Eu palpitava pelas frestas dos dedos
Acendia meu cigarro.
 Esperava cada passo
 Falando de cogumelos azuis.
 Com prismas distorcidos
 De sons gritados.

Tudo parava para a incoerência das sensações
De aflito era eufórico, cada encontro.
Ansiava cada toque.

 Pôr-do-sol
 Horário de verão
Uma hora a menos.

Quem sabe se já faz tempo...



segunda-feira, 18 de março de 2013

Quanto às cascas






A casca veste a fruta
Gerada pela minuta
Do atrito,tira lasca
Interpela quem cobiça
Contorna a polpa
Com pele de semente
No minuto transpassa
Remoendo feridas
Descasca
Diz qual a sua casca
No escuro revela
O doce do claro
Marasca.

quinta-feira, 7 de março de 2013

MULHER, A Multiface da multidão




Entre curvas sinuosas
Fulguras indefinidas
Vasto ventre
Vulgo seios.
Olhos garridos
Por detrás do sorriso
A voz que arde no grito.
O corpo não dado.
A luta herdada.
Gozo que causa
Causa que goza.
Para fora da mundana
e da senhora
Além da mãe e da puta
Mutilando a dada feminilidade.
Maldita, fodida.
 Eglodem frutos diversos
Todos femininos.
Na face que é múltipla.
A Mulher que é multidão.

Disfarce de cetim



O meu toque é de manso
De estremecido ,abraçado.
Com dedos desajeitados
Em sutil rubor,o rosto.
Medroso dizer no corpo.
No olho o torto
Olhar de lado.
Enviesado ouvido
Fingidor do não querer.
Naquele passo que tropeça.
Por uma ocasional hiperntesão*
De relance o disfarçado
Que aglomera o sensato.
  

sábado, 2 de março de 2013

DAqueles que se masturbam mentalmente

Dedicado à Fábio Henrique Bugatti

Entre o áspero dedo
Da fala ambigua
O gesto deapercebido
Do modo zeloso
Escondido
O imenso buraco
Por detrás da superfice sólida.
O chão acidentando
Seria a alegria que cause a epifania
Ou,
Ou o insifht causa o riso.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Na beira da varanda

( Marília ) 
Eterno retorno

No meio de todos os guardados
Conservados na mais severa nostalgia
Entre  rabiscos & lápis  desapontados
O caco de vidro, do copo quebrado,reluzia.
O cansaço se mantinha, afunilado entre o não saber como se sente.
Olhos fazendo mímica.
A pele dormente que arrepiava na  penumbra.
A sombra se punha
O sono já ilimitado e por horas ultrapassado
O corpo persistia.
O céu era de ametista.
-Um café sem açúcar,por favor.