quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O corpo cicatrizado




Era contínua a superfície do corpo
Vastidão de infinitos poros
Como um tecido fechado
Uma seda dura.
A garantia modelada, impreterível.
O escudo da certeza.

Diante da fragilidade orgânica
Eis que  rompeu
Como uma estria d’alma
A pele rasgou
do dentro pro fora.
A rede ferida, sangrou.
Mudou de cor
Para púrpura-hematoma
 Ardeu, como uma queimadura
Desfiava
Desfazia.

Morria...

Mas por tempo ou por carne
Regeneraria.
Com pontos largos
Pela  agulha da vida
A tez se costurava.
Cicatrizava comedida.
Curaria?

Enrijeceu marcada, à espera das novas fissuras.  
Cicatrizada...