sexta-feira, 25 de março de 2011

Heart-shaped Box

Sinto-me presa na caixa com formato de coração
Como uma boneca de porcelana passiva....
Com olhos minuciosamente desenhados
Cabelos e sorrisos falsos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O pequeno príncipe e a raposa




"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada
.- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda
.- Ah! Desculpa, disse o principezinho.- Após uma reflexão, acrescentou:- Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo......
Mas a raposa voltou a sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos......
Assim o principezinho tivou a raposa. [...]"
Quando tu vens
Sempre estou a cuidar
De sua doce chegada
Preparo o coração
Como a raposa, fico inquieta
Agitada
E quando sua vinda é dada
Conheço a plena felicidade
Mas sempre tem a hora da partida
Do Pequeno e eterno,Príncipe ...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Promessa


Era mês de Julho, em um dia tipicamente de inverno, as nuvens deixavam o céu muito alvo,transmitindo uma claridade branca sem Sol.Lá fora parecia estar muito frio,o vento soprava fortemente no exterior da janela; resultando em um assovio suave.
Ela estava deitada em sua cama, seus cabelos brancos formavam cachos (que sem dúvida um dia foram negros) que caíam sobre o travesseiro delicadamente.Ela tinha a pele fina e algumas rugas ao redor dos olhos que muito falavam dela.
Ele estava sentado na beira da mesma cama a olhá-la, estava ali há horas, só conseguia pensar nela e em seus medos.
Os dois acompanharam-se durante a vida quase que inteira ,conheceram-se quando jovens e seguiram juntos pelos anos adentro.No entanto mais forte do que o tempo que envolvia-os era o modo como se conheciam.Compartilhavam lembranças,histórias e perdões.Entre brigas e afetos.circundados entre dificuldades e calmarias,tudo para agora estarem junto ali.
Ele como ela, também tinha traços da idade, com vestígios de expressões crônicas em seu rosto,a testa franzida e poucos fios brancos, Porém continuava a ter o mesmo olhar,o mesmo desenho que recortava o formato de seus olhos castanhos claros.
O perfume dela era doce e ele respirava aquele aroma com muito familiaridade,ele conhecia todo seus detalhes daquela mulher,e apreciava suas imperfeições.
Não havia explicação, sobre a importância que um tinha para o outro.
Ela o olha, com calma e paz e faz menção de quem vai falar algo:
-Não larga minha mão nunca tá?
Ele corre ao encontro de sua mão,que estava repousada ao lado de sua cintura,ao redor de seu corpo .Os dedos dele entrelaçam-se com os dela,fazendo um elo,a pele fica cálida.
Ele diz:
- Jamais largarei.
Ela fecha os olhos e adormece.