sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Meus prazeres Amelie Poulain




Caminho sozinha pela praia, é o fim de um dia ensolarado,o céu está alaranjado e roxo,sinto os nuances de cores penetrando minha pele.Ando só.descalça deixo pegadas na areia molhada,entre intervalos descompassados ondas atingem meus tornozelos espirrando uma água delicadamente gelada em meus joelhos.Quando uma onda mais forte me alcança,sinto o Mar subir até minha boca,deixando um sabor salgado em meus lábios.
Sinto a maresia, fundindo-se ao meu rosto, alastrando-se por todo meu corpo. Me sinto como uma derivação da brisa,protegida pela maresia,selando seu cheiro impregnado em minha memória.

Aproximo meu nariz lentamente da xícara, seguro-a em minhas mãos, sinto de leve o calor chegando mais perto de meu rosto,vejo uma fina fumaça.Leve.Minhas narinas são invadidas por um aroma forte.Aprecio o bouquet:Café
Respiro.
Tomo meu primeiro gole. Temerosa de queimar a língua.
O que me dá prazer não é o Café em si, é o ato de tomar café.

Acordo, apressada.
Será que ainda estará lá?
Talvez não, já são 9 horas da manhã, já deve ter se esgotado.
Corro descalça ainda de pijama, alcanço a varanda que me leva ao jardim.
Caminho ao encontro. Repleta de esperança. Primeiro um pé depois o outro.
Piso na grama e sinto as gotículas da madrugada ainda presas nas hastes do gramado. Dou alguns passos para sentir melhor. Passeio sobre a terra molhada. Percebo meus dedos penetrando o solo.
O que me dá prazer não é diretamente o orvalho, mas minha expectativa correspondida por ele.


Abro a janela do carro.
Coloco minhas mãos para fora, esticando ao máximo que posso meus braços, procurando o vento. Tento segura-lo entre meus dedos, Ele escapa.
Busco enxerga-lo, só vejo a paisagem, o vento não foi feito pra ser visto. De onde vem e pra onde vai o vento. Imagino que viaje ele bastante. Deve conhecer muita gente.
Conte-me vento seus relatos e histórias do mundo!
Entrego-me curiosa quero ir junto, sinto-me purificada por meu encontro com o vento, Não consigo pensar em nada além dele.
O que me dá prazer é justamente o vento.


Um brinde ao Hedonismo permitido e legalizado
Aos prazeres discretos e ocultos
E que todos possam se perder nos encantos proibidos....

Um comentário:

Unknown disse...

Uma descrição genial...
Até sinto o cheiro de grama molhada, ou a umidade do vento...