domingo, 15 de julho de 2012

Sempre ia



(Van Gogh )
Outrora eu vivia
Entretida na rígida rotina
Em constante monotonia
Presa entre as certezas ruídas.
Na maquiagem enraizada.

Outrora eu padecia
Pelas mil roupas que vestia
E depois despia.
Não me reconhecendo enquanto nua.

Sendo como nota repetida.
Habitada pela masoquista nostalgia
Das inúmeras peles que em mim cabia.

Antes não percebia
O tanto que meu corpo podia.

Agora me sinto vasta.
Não mais vazia.
Fluída em várias
Entre muitas vias.
Estrangeira em mim mesma
Infinita em minhas fronteiras.
Dispersa, disposta
Transposta em poesia.

Um comentário:

Ricardo R. disse...

as vezes parar de respirar faz aparecer uma superficie diferente, estranha a vida.