terça-feira, 28 de abril de 2009

Cartão Postal












Avenida Paulista, sete horas da manhã:
Podemos ver pessoas dormindo nas calçadas,
Muitas vezes seduzidas pela anestesia temporária da bebida
Outras “apenas” vítimas da falta de moradia.

Sinaleiros abrindo e fechando
Carros importados ultrapassam o sinal vermelho
Uma sirene! Mais um acidente...

Salto altos e ternos caros caminham apressados lado a lado, sozinhos
Olhos desconfiados...
Concentrados em desviar seus passos do lixo,
de garrafas e bitucas de cigarro
Cegos para aqueles que pedem esmolas
ou estão com tanta sede que bebem a água suja
da fonte em baixo do Museu do MASP

Dois universos antagônicos freqüentam a mesma rua
Workaholics engravatados e mendigos esfarrapados
Restaurantes luxuosos e crianças famintas
O cheiro é um nuance de urina, poluição e frio...

Todos os bancos, toda tecnologia
os belos prédios camuflam com maestria
toda angústia das prostitutas da Rua Augusta;
e o desespero dos viciados...

Na Avenida Paulista
Muitas vezes o céu azul só pode ser visto do alto dos prédios...
Corra agora, não olhe para os lados
Você também está atrasado...


9 comentários:

Unknown disse...

Mtu boa a ideia mor...
eh bem isso msm...
av paulista eh um dos maiores exemplos do paradoxo q eh a vida... q eh nosso cotidiano...
Eh q nem uma famosa foto... em q de um lado tem a favela de Paraisópolis e do outro lado um apartamento luxuoso do Morumbi...
Eh engraçado, como as pessoas não se incomodam nem um pouco com a dor e o sofrimento alheio...
Sociedade acomodada....
Ainda qdo tem protesto na Av paulista... do PSTU ou PC do B, ou de algum sindicato... eles param e olham... alguns nem olhar olham... mas transmitem a sensação de repugnância q sentem... São workaholics acéfalos... perderam a sensibilidade, os sentimentos... são soldados do capitalismo...

Adorei seu poema mor...
Adorei a foto tbm...
Parabens

Felipe disse...

Não só a avenida paulista como todos os cartões postais do mundo têm a sua carga de tristeza intrínseca. É um bom retrato do mundo hoje: não há lugar mais digno de se retratar que aquele onde coexistem a euforia e a angústia humana.
Parabéns, adorei.

Lívia Daniela disse...

Que bonito Aline. Texto muito bem feito e muito profundo. Um nítido retrato de uma sociedade contrastante e conflituosa.
Eu me pergunto, existe solução para isso? Mas me deparo que em todas as sociedades humanas houveram os ricos e os mendigos, a Avenida Paulista não é a primeira, não é a única e, dificilmente, será a última. Desigualdade provavelmeten é o cerne da sociedade.

Anaíra disse...

Acho que o mais triste é porque estamos perdendo a perplexidade.
Ver isso é comum e é normal.
É verdade que o paradoxo da cidade tá estampado... onde há riqueza, há pobreza.
'Todo mundo é tio, e tia' principalmente na cidade grande.

Mariana R. Thomé disse...

parece que eu sinto o cheiro!

Kairel Ashura disse...

Ah sampa é sampa, saudades ! Assim que entrei em seu blog e vi a imagem da avenida Paulista bateu uma nostalgia de saudades e lembranças muito forte !!! fora que seu blog esta muito legal e gostoso de ler !
parabens !!!

Myself disse...

Na moral Lii, não curti esse roxo de template!
Mudando de água pro vinho, o texto reflete o que muitas pessoas não vêem, ou não querem ver, e que infelizmente, apenas poucos de nós, que temos um pouco mais de sensatez ou sensibilidade para entender essa diferença quase imperceptivel para as pessoas que vivem apenas para seus relógios, ternos e gravatas.

Unknown disse...

Era pra ser no outro, mas achei esse texto muito fóda... e diante dos comentários anteriores não vou nem me arriscar falar alguma coisa q é pra não passar vergonha haha mas ae cumade, maneiro mesmo, visão bem próxima da minha, q aliás, vc conhece muito bem.
Conseguiu despertar a minha atenção pela leitura, coisa q há muito tempo não acontecia.
Parabéns pelo blog, tá show!

Ágatha disse...

"Pra que se importar? É opção deles estarem ali são vagabundos que não trabalham, só querem viver a nossas custas, por isso não damos esmolas e se puder nós atropelamos, colocamos fogo, não passam apenas de sacos de lixo humano q atrapalham o acesso de uma esquina para outra, e o pior de tudo, cheiram mal e não tem classe, mas a culpa não é nossa!"
Tipico pensamento da elite, que não se comove com o desespero da garganta seca que procura água suja ou limpa, do estomago vazio, do alcoolismo, e do sonho dos travestis e prostitutas de um dia colocar um fim nessa vida de miséria, e na ilusão que todos esses habitantes do mesmo cenário buscam; ilicitas ou não.